Determinação da composição, partição e bioacessibilidade de cálcio em queijos Minas Padrão comerciais

João Pablo Fortes Pereira, Náira da Silva Campos, Ângela Maria Ferreira de Oliveira, Rafael Arromba de Sousa, Junio César Jacinto de Paula, Paulo Henrique Fonseca da Silva

Resumo


Os queijos apresentam destaque entre os derivados lácteos pelos elevados teores lipídico, proteico e mineral. Este trabalho teve como objetivo avaliar doze queijos Minas Padrão comercializados em Juiz de Fora. As análises ocorrerem quando os queijos estavam com intervalo entre 15 dias e 30 dias de fabricação de forma a avaliar os constituintes composicionais de relevância para a classificação no Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Queijos, avaliar o potencial hidrogeniônico (pH) e, também, com relação ao teor, distribuição (frações de cálcio total, cálcio na fase aquosa e cálcio livre) e  bioacessibilidade do cálcio. Os valores médios encontrados foram: 42,4 ± 3,8 % m/m de umidade; 22,5 ± 1,4 % m/m de proteína; 26,7 ± 1,9% m/m de gordura; 46,3 ± 2,7 % de gordura do extrato seco; 687 ± 86 mg/100g de cálcio total; 482 ± 139 mg/100g de cálcio na fase aquosa; 99,3 ± 10,7 mg/100mL de “cálcio livre”; 37,1 ± 13,5 % de bioacessibilidade de cálcio; 5,14 ± 0,20 de pH. A falta de um regulamento para o queijo Minas Padrão dificulta a caracterização do produto. Em relação ao mineral estudado, a maior parte do cálcio presente no queijo encontra-se na sua fase aquosa, associada aos sais. O teor bioacessível de cálcio nos queijos Minas Padrão comerciais apresenta grande variação, cujas causas são diversas. Este trabalho contribui para a valorização nutricional e para o aperfeiçoamento dos marcos regulatórios de identidade e qualidade do queijo Minas Padrão, por meio da inédita caracterização deste alimento quanto ao teor, a partição entre fases (aquosa e livre) e à bioacessibilidade do cálcio.


Palavras-chave


disponibilidade; qualidade; mineral.

Texto completo:

PDF

Referências


AOAC Official Method 973.41. In: HORWITZ, W.; LATIMER JR, G.W., editors. Official methods of analysis of AOAC international. Gaithersburg, MD, USA: AOAC International, 2005.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária, Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Portaria n. 146, de 07 de março de 1996. Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade dos Produtos Lácteos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. 1996.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária, Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Aprovado pelo Decreto nº 9013, de 29 de março de 2017. Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. 2017.

BRUMANO, L. P. et al. Avaliação de aspectos físico-químicos do queijo Minas Padrão comercializados nos últimos 12 anos e suas variações. In: SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLOGIA. Anais... Belo Horizonte: EPAMIG, 2011. p. 1-5.

DAMODARAN, S.; PARKIN, K. Fennema’s Food Chemistry. 5ed., Boca Raton: CRC Press, Taylor & Francis Group, 2017. 1107 p.

EPA - U. S. Environmental Protection Agency, EPA method 7000B: Flame Atomic Absorption Spectrophotometry, rev 2, 2007, 23 p.

FOX P. F., McSWEENEY, P. L. H. (1998). Dairy chemistry and biochemistry. 1ed., London: Springer, 1998. 478 p.

FURTADO, M. M. Principais problemas dos queijos: causas e prevenção. Edição Revisada e Ampliada. São Paulo (SP): Comunicação e Editora, 2005, 200 p.

FURTADO, M. M.; LOURENÇO NETO, J. P. M. Tecnologia de Queijos: Manual técnico para a produção industrial de queijos. São Paulo: Dipemar, 1994. 118 p.

GUINEE, T. P. et al. The compositional and functional properties of commercial mozzarella, cheddar and analogue pizza cheeses. International Journal of Dairy Technology. v.53, p.51–56, 2000.

HASSAN, A.; JOHNSON, M. E.; LUCEY, J. A. Changes in the Proportions of Soluble and Insoluble Calcium During the Ripening of Cheddar Cheese. Journal of Dairy Science. v.87, p.854-862, 2004.

IDF- INTERNATIONAL DAIRY FEDERATION.IDF 20B: Determination of milk proteins. Brussels: IDF, 1993.

IDF- INTERNATIONAL DAIRY FEDERATION. ISO 488 IDF 105: Milk - Determination of fat content – Gerber butyrometers. Brussels: IDF, 2008.

KŁOBUKOWSKI, J. A.; SKIBNIEWSKA, K. A.; KOWALSKI, I. M. Calcium bioavailability from dairy products and its release from food by in vitro digestion. Journal of Elementology. v.19, p. 277-288, 2014.

LEWIS, M. J. The measurement and significance of ionic calcium in milk – A review. International Journal of Dairy Technology. v.64, p.1-13, 2011.

LUCEY J. A.; FOX, P. F. Importance of Calcium and Phosphate in Cheese Manufacture: A Review. Journal of Dairy Science. v.76, p.1714-1724, 1993.

LUCEY, J. A.; JOHNSON, M. E.; HORNE, D. S. Perspectives on the Basis of the Rheology and Texture Properties of Cheese. Journal of Dairy Science. v.86, p.2725-2743, 2003.

LUTEN, J. et al. Interlaboratory trial on the determination of the in vitro iron dialysability from food. Journal of the Science of Food and Agriculture. v.72, p.415-424, 1996.

MELO, A. C. M.; ALVES, L. M. C.; COSTA, F. N. Avaliação da qualidade microbiológica do queijo tipo Minas Padrão comercializado na Cidade de São Luís, MA. Arquivos do Instituto. Biológico. v.4, p.547-551, 2009.

MORRIS, H. A. et al. Inorganic constituents of cheese: analysis of juice from a one-month-old Cheddar cheese and the use of light and electron microscopy to characterize the crystalline phases. Journal of Dairy Research, n.55, v.2, p.255–268, 1988.

PAULA, J. C. J. Efeito do uso de dióxido de carbono (CO2) na fabricação de queijos Minas Frescal e Minas Padrão. 2010. 120f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2010.

PEREIRA, G. A. P. et al. A. dietary calcium – strategies to optimize intake. Revista Brasileira de Reumatologia. v.49, p.164–180, 2009.

SALVAT-BRUNAUD, D. et al. Extraction et analyse de la phase aqueuse de l’emmental à 4 stades d’affinage. Lait. v.75, p.239–249, 1995.

SILVA M. D. S. et al. Composição físico-química de queijo Minas Padrão comercializado no Brasil. In: II SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA JÚNIOR DA ZONA DA MATA MINEIRA. Anais... Juiz de Fora: IF-Sudeste, 2013.

THIERRY, A. et al. Affinage de l’emmental: dynamique des populations bactériennes et évolution de la composition de la phase aqueuse. Lait. v.78, p.521–54, 1998.

ZENEBON, O.; PASCUET, N. S.; TIGLEA, P. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4. Ed e,1. Ed digital. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008. 1020 p.




DOI: https://doi.org/10.14295/2238-6416.v73i4.705

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.