Verificação do nível de atendimento aos programas de autocontrole em indústrias de laticínios de Minas Gerais

Hélio dos Santos Benedito Júnior, Vanessa Aglaê Martins Teodoro, Nívea Maria Vicentini, Márcio Roberto Silva, Renata Golin Bueno Costa, Elisângela Michele Miguel, Denise Sobral, Junio César Jacinto de Paula

Resumo


Doenças de origem alimentar (DOA) constituem um grave problema de saúde pública em nível mundial. O leite e seus derivados estão frequentemente envolvidos em surtos de DOA. Nos últimos anos, o governo brasileiro tem realizado vários esforços objetivando a prevenção dessas doenças, dentre eles, a aprovação de diversas normas relacionadas à implementação de programas de qualidade em laticínios. Diante deste contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar o nível de implementação dos programas de autocontrole (PAC) em indústrias de laticínios. Foram avaliadas 15 indústrias, situadas no sul do estado de Minas Gerais, registradas no Serviço de Inspeção Federal (SIF). Uma lista de verificação (LV) foi desenvolvida e aplicada pelo método da observação direta e por meio de indagações aos funcionários e proprietários. Todos os estabelecimentos avaliados foram classificados como “Ruim” ou “Péssimo”, demonstrando que não atendiam nem a 50% dos itens descritos na legislação para implementação dos PAC. As indústrias também foram avaliadas isoladamente para cada elemento de controle obtendo classificações diversas dentre “Ótimo” (entre 91 a 100% de adequação), “Bom” (70 a 90%), “Regular” (50 a 69%), “Ruim” (20 a 49%) e “Péssimo” (0 a 19%). Os resultados demonstraram que as indústrias avaliadas neste trabalho, embora sejam empresas sob inspeção federal, possuem sérias deficiências em seus PAC que podem comprometer a inocuidade dos produtos acabados, visto que não há uma gestão da qualidade eficiente e eficaz.


Palavras-chave


qualidade, inocuidade, leite, lácteos

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DOI: https://doi.org/10.14295/2238-6416.v74i2.714

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