Condições de comercialização e qualidade de queijos Minas frescais em feiras livres e mercado municipal de Campo Grande, MS

Luciane Nunes Ribeiro da Silva, Marcela de Rezende Costa

Resumo


As pessoas buscam em feiras livres e mercados municipais uma variedade de mercadorias locais e com apelo artesanal e/ou natural, dentre elas os queijos como o Minas Frescal. Cuidados com produção, manipulação e exposição dos alimentos devem ser tomados para garantir a qualidade e preservar a saúde da população. Este trabalho avaliou parâmetros físico-químicos e microbiológicos de queijos artesanais Minas Frescal de feiras livres e do mercado municipal de Campo Grande, MS, bem como suas condições de manipulação, exposição e armazenamento. Nos aspectos de estrutura da banca, temperatura e condições de exposição dos queijos, e presença de coletor de lixo e de lavatório, 80% das bancas estavam inadequadas e 90% com relação a uso de equipamento de proteção individual, higienização das mãos e dos utensílios. A maioria dos queijos estavam conforme os padrões da legislação de Identidade e Qualidade do Queijo Minas Frescal quanto a parâmetros físico-químicos, apenas uma amostra estava com teor de umidade inferior ao exigido. Quanto às avaliações microbiológicas, 100% das amostras estavam acima do limite de coliformes a 45 °C e 30% de Staphylococcus aureus coagulase positiva. Nenhuma amostra apresentou Salmonella sp. Porém, foi detectada a presença de Listeria monocytogenes em 20% delas. Os resultados indicam falta de controle higiênico-sanitário sobre os queijos Minas Frescais vendidos nas feiras livres de Campo Grande, MS, apresentando inclusive, em alguns, a presença de bactérias patogênicas, um sério risco à saúde do consumidor.


Palavras-chave


queijo artesanal; doenças transmitidas por alimentos; segurança de alimentos.

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DOI: https://doi.org/10.14295/2238-6416.v75i4.835

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